Cada motor trás consigo características construtivas, metalúrgicas e tecnológicas de sua idade. Portanto, o ano de fabricação é um bom balizador para o tipo de combustível em que ele foi testado e homologado para produção por seu fabricante. Nesse sentido, as marcas emitem manuais que os acompanham e devem ser, SEMPRE, sua primeira referência, não somente quanto ao combustível, mas em velas, hélices e demais recomendações.
Quanto mais frio um motor gira, maior é a sua compressão, portanto mais potência ele tem. Contudo, o excesso de lubrificação prejudica a explosão e, em último caso, promove até calços que deformam e prejudicam os metais do motor. O objetivo de se ter uma lubrificação bem calibrada é o seu ponto ótimo, que varia de acordo com as características de cada motor.
Quando o motor oferece potência satisfatória - em voo - e o óleo está sendo expelido claro, o ponto ótimo está em equilíbrio. Se a mistura está saindo escura, a carbonização excessiva precisa ser revista, fazendo a abertura da agulha de alta ou em último caso revendo a o próprio combustível / mistura.
O Nitrometano consegue proporcionar a queda de temperatura de trabalho e aumentar a explosão do motor, consequentemente eleva nitidamente a sua potência. Mas, os motores mais antigos foram projetados numa época em que os combustíveis não tinham Nitrometano, portanto em alguns casos, quando aplicados, o rendimento até diminui, como já pude comprovar, por exemplo, com os Webras GT. Na pior das hipóteses, nesses casos nem se percebe qualquer ganho nas medições.
Em testes controlados, constata-se que o óleo mais eficiente na lubrificação de motores Glow é o Óleo de Rícino, embora o seu resíduo gere um “verniz” que, se não for retirado periodicamente, pode comprometer o rendimento do motor a longo prazo. Por isso, alguns aeromodelistas optam pelo óleo “degomado”, mas que não é barato e tão fácil de se encontrar. Outra solução é a introdução do Blend de óleos, que falaremos adiante.
Óleos Sintéticos geram menor residual, mas fazem o motor trabalhar em temperaturas mais altas que o de rícino, prejudicando um pouco a durabilidade dos motores. Veja que a relação Atrito x Temperatura é determinante para a durabilidade, portanto espera-se maior eficiência quando há menor queima do próprio óleo, que proporciona a maior eficiência na lubrificação.
Fórmula de amaciamento
Álcool metílico mais óleo de rícino na proporção de 3x1 (25% de óleo de rícino puro).
Essa formula é aplicada há decadas no amaciamento dos antigos motores. O processo de amaciamento se completa ao queimar os primeiros 500 ml - considerando motores médios (.40). Nesta fase não se espera alta performance, portanto até o som dos motores é característico, voando “ricos” no processo de amaciamento.
Motores modernos tem a construção e metalurgia mais refinada, portanto um período de amaciamento muito menor, que consta em seus manuais, praticamente passam essa fase já no primeiro ou segundo vôo, que são basicamente seu ajuste.
Fórmulas após o amaciamento
Álcool metílico e óleo de rícino na proporção de 4x1 (Óleo em 20%). Após a fase do amaciamento já não corre mais o risco se travar o motor, pois seus metais já estáo bem testados e ajustados.
Se o seu motor se adaptar bem à esta proporção, é altamente recomendável que fique nela, pois ele terá uma longa vida útil. Mas, se ainda assim você sentir que há necessidade e quiser mais performance, avalie duas possibilidades:
A primeira é introduzir nitrometano na fórmula, mantendo uma proporção de óleo próxima. A segunda é refinar seu óleo de rícino atravez da introdução de um Blend (Óleo de rícino mais óleo sintético). Isto trará duas ajudas que são, mais performance e menos sujidade.
Dois dos incomodos comuns a quem usa o combustível artesanal são a maior sujeira expelida pelo escape, bem como efeito verniz no motor, mas, nesses pontos o blend pode ajudar bastante, pois óleos sintéticos, além de serem menos viscosos, normalmente tem aditivos que atuam nesse sentido.
Fórmula Clássica do combustível tipo "Byron"
Álcool metílico e óleo de rícino 5x1 + 5% de nitro (Óleo em 19%).
Nesta formula é aplicada um "Blend" de óleo sintético e Óleo de Rícino (mamona) que resulta em 19% do volume final da mistura.
Veja que a aposta da indústria na redução da lubrificação é na eficiência do blend com o óleo sintético, e os fabricantes recomendam para motores mais modernos, cujo projeto e metalurgia são mais adequados em termos de dilatação e performance.
O uso de acetona, gasolina, solventes e outros químicos são dispensáveis e até contra recomendados, pois vão condenar a vida útil dos motores rapidamente.
O Blend de lubrificação
Alguns aeromodelistas que fazem seu próprio combustível capricham na mistura, mantendo o mesmo percentual de óleo, só que em forma de Blend, ou seja, um composto na proporção de sua preferência de óleo de rícino e óleo sintético 2T - eu uso o Motul verdadeiro, cuidado com as imitações.
Na prática se agrega a vantagem de baixar a viscosidade do combustível, nota-se que o motor roda um pouco mais solto, reduz a sujeira do aeromodelo e além de tudo diminui o efeito do verniz residual do óleo de ricino.
Mais detalhes sobre o Blends, características de cada tipo de óleo e aditivos, visite o link abaixo:
Fórmula HV - Hangar Vintage Aeromodelismo
Tudo explicado, vamos compartilhar uma fórmula que tem atendido bem meus motores há alguns anos:
Para maiores proporções, basta multiplicar cada componente da fórmula proporcionalmente.
Aos mais céticos, sinto contrariar, mas preciso relatar que já utilizei, com sucesso, combustíveis misturados há mais de 5 anos!
Combustíveis Comerciais dos
Motores Glow 2T e 4T
Já de início é necessário ressaltar alguns pontos importantes para decisão do novato que vai optar pela compra de um combustível comercial. Minha recomendação é que sempre recorra ao manual do motor e sempre use o combustivel recomendado pelo fabricante.
Até a decada de 90 não era comum a compra de combustíveis prontos. Note também que os Combustíveis comerciais são preparados com um menor percentual de óleo do que os artesanais. Isto se deve às características construtivas dos motores e tambem ao fato de que até então não era comum se usar Nitrometamo nas misturas. O Nitro reduz a temperatura de funcionamento e portanto aumenta a potência, em linhas gerais é de se concluir que o seu uso é recomendável até para alguns motores mais antigos - porém tenha muita atenção porque nem todos aceitam bem os combustíveis mais frios, pois algumas ligas antigas mais robustas são aplicadas para atingir melhor desempenho em tempereaturas mais altas e se dão muito bem com o combustível artesanal que embora trabalhe em temperatura maior, tem uma eficiencia de lubrificação superior devido ao óleo de rícino.
Em resumo, faça o teste considerando as dicas anteriores, seja qual for o seu motor ele vai se dar bem com um combustível que em primeiro lugar deve ser bem medido, de origem confiável e com insumos de primeira linha. Outro ponto importante é que você armazene ou compre de quem armazenou o combustível em local frio, seco e sem incidência de luz, o que muitas vezes será o mais importante que qualquer outro fator a se ponderar.
Combustíveis para motores 2T
Combustível para os Motores a Gasolina
A preparação do combustivel par motores à Gasolina não tem mistérios e é muito mais barata que os Combustíveis Glow. Basta usar óleos de boa qualidade como Motul ou Castrol TTS e fazer as misturas indicadas no próprio óleo ou manual do motor, normalmente 50:1 ou 45:1
Procure utilizar gasolina Pódium ou comum, o AVGAS carboniza muito devido ao chumbo. Porém, se for usar AVGAS, procure utilizar o tipo 100LL, pois a do tipo 110L tem alta concentração de chumbo.
Algumas dicas adicionais são válidas para quem quer aproveitar ao máximo o seu aeromodelo a gasolina:
Recomenda-se deixar sempre algum combustível dentro do tanque para que as mangueiras não ressequem.
Também é indicado o uso de mangueiras de neoprene no motor, pois ele não costuma ficar ressecado com o tempo
Motores à gasolina normalmente mantém a regulagem por muito tempo, só necessitando ajustes caso seja trocado o tipo do combustível.
Realize com cuidado os procedimentos indicados para amaciamento no manual do motor, não tenha pressa.
Combustível para os Motores Diesel
Algumas Premissas
Preparar apenas a quantidade que for usar para voo. Combustível com mais de dois dias apresenta desempenho inferior ao novo. Usar vasilhas de vidro ou metálica, vasilhame de plástico não dá. Guardar o vidro com o combustível na geladeira.
Proporções
1 parte de óleo de rícino
1 parte de éter (sulfúrico) etílico
1 parte de querosene Jacaré (Exxon)
E acrescentar 2% de aditivo para óleo Diesel.
Provavelmente vocês conseguirão comprar éter somente como pessoa jurídica e só existe à venda em químicas, não mais em farmácias como antigamente.
O melhor querosene é o QAV (querosene de aviação). Ele possui baixa quantidade de enxofre e moléculas praticamente parafínicas! Caso não encontre, use o querosene petroquímico. A cor do querosene deve ser como agua, não use querosene "amarelo" (enxofre vai corroer o motor).
A mistura varia muito de motor para motor, a relação 1:1:1 é bem genérica. O Super Tigre 15 por exemplo usa algo como 20% de óleo (rícino), 30% de éter e 50% de querosene. No mínimo 30% de éter para um motor 15, mas quanto menor for o motor, mais éter é necessário. Um motor de 0.5 cc precisa de pelo menos 40% de éter. Como a taxa de compressão é bem alta, está ai o segredo desse tipo de motor ser tão econômico, os contragolpes são normais. Abra bem a compressão e vá fechando devagar e batendo na hélice até os primeiros pipocos, feche mais um pouco e o motor deve pegar. Então regule a compressão e a agulha até o ponto desejado. Maior a compressão, mais fechada a agulha. Para as próximas partidas sempre alivie um pouco a compressão, não se preocupe com a posição do parafuso, pois a cada ligada a regulagem muda dependendo muito das condições do dia.
Como tem muito torque, o motor diesel aceita uma gama maior de hélices. Quanto maior a hélice, mais folgada deve ser a compressão.
Frederico Diniz