Durante décadas, panes de rádio em aeromodelos foram tratadas como interferência, defeito de receptor ou falha de componentes.
Pouco se discutia, no entanto, como a energia realmente se comporta dentro do modelo, como ela interage com antenas e cabos e, principalmente, se havia energia suficiente disponível para manter o sistema estável.
Ao unir três fatores negligenciados, como geometria de instalação, campos eletromagnéticos e limitação de amperagem, muitos dos enigmas do passado passam a fazer sentido.
Registro do campo eletromagnético pelo espectrometro, imediatamente após o acionamento da fonte de energia.
O Vetor de Poynting descreve o fluxo de energia eletromagnética no espaço, definido pela interação entre campo elétrico e campo magnético.
Diferente da visão simplificada, a energia não está confinada ao interior do condutor, ela se propaga no espaço ao redor dos fios, guiada por eles.
Em aeromodelos pequenos, isso significa que cada fio energizado cria um volume ativo de campo, que interage com outros fios, com a antena e com os próprios componentes eletrônicos.
Espaço físico, portanto, também é isolamento eletromagnético.
As cargas superficiais nos condutores são maiores próximas à bateria e diminuem em direção aos dispositivos consumidores. Essa assimetria cria um ambiente eletromagneticamente mais intenso justamente onde, por conveniência, muitos aeromodelistas posicionavam bateria, receptor e antena.
Esse detalhe ajuda a explicar por que modelos que funcionavam na bancada falhavam no ar, quando os campos se intensificavam sob carga.
Extensões longas ou enroladas funcionam como bobinas, gerando campos magnéticos próprios. Quando próximas à antena, passam a acoplar energia diretamente ao sistema de recepção.
Muitos glitches intermitentes e comandos erráticos do passado têm relação direta com esse tipo de instalação, não com defeito de rádio.
Talvez o fator mais determinante das panes antigas não estivesse no rádio, mas na fonte de energia.
Durante muitos anos, sistemas de rádio controle operaram com:
Essas fontes apresentavam quedas bruscas de tensão sob carga. O sistema não falhava por estar descarregado, mas por não conseguir fornecer corrente suficiente nos picos exigidos pelos servos.
O resultado era reset momentâneo do receptor, glitches e perda de controle, frequentemente interpretados como interferência.
Servos analógicos antigos exigiam picos instantâneos de corrente. Quando vários atuavam simultaneamente, a tensão colapsava por milissegundos, tempo suficiente para desestabilizar o receptor.
Esse efeito se soma aos campos eletromagnéticos mal controlados. Uma instalação ruim, combinada com uma bateria fraca, não apenas soma problemas, multiplica falhas.
Com esse entendimento, algumas práticas tornam se fundamentais, especialmente em modelos vintage:
Ao unir:
O fluxo real da energia descrito pelo Vetor de Poynting
A geometria da instalação elétrica
A limitação severa de corrente das baterias antigas
Portanto, fica claro que muitos problemas históricos do aeromodelismo não foram causados por rádios ruins ou tecnologia inferior, mas por um conjunto de limitações que hoje entendemos melhor.
Não era interferência nem defeito. Talvez fosse apenas um sistema pedindo mais energia do que a época podia oferecer.
Esta é uma matéria levantada originalmente pela Hangar Vintage aeromodelismo, qualquer contribuição ou consideração técnica entre em contato com a gente.
Ótimos voos!