HISTÓRIA DOS MOTORES BRASILEIROS DE AEROMODELISMO

Bem vindo à uma das páginas mais interessantes da Hangar Vintage!

Você sabia que o Brasil já fez ótimos motores, cobiçados até no exterior? Tivemos na história dos fabricantes nacionais motores reconhecidos pela qualidade e desempenho, muito superiores ao que se podia obter à época. Vamos falar da indústria nacional e você vai descobrir qual a marca que até hoje é garimpada pelos veteranos que mais conhecem de motor glow! Bora lá...

Na década de 50 já tinhamos uma fabricante nacional de motores! Já nas décadas de 60, 70 e 80 alguns outros empreenderam e aventuraram lançar suas marcas. Devido principalmente à proibição de importação de praticamente qualquer produto em 1976 em função da crise do petróleo esse mercado cresceu, mas foi um mercado extremamente desafiador, onde poucas fábricas se destacaram, embora vários tenham se esforçado.

Na ocasião, o Brasil, sem dinheiro, precisou destinar todos os recursos para importação de petróleo. A partir de 1976 os motores importados se tornaram luxo e qualquer pessoa que fosse para o exterior (pagando um vultoso depósito compulsório) levava uma listinha de motores e velas para comprar. Essa política teve seu auge no início dos anos 80 com a moratória da dívida, e só foi terminar com a entrada do Presidente Fernando Collor no início dos anos 90.

Com a reabertura para importações e com a "chinalização", nenhum fabricante nacional suportou e não tivemos mais desde então nenhum motor Glow de aeromodelo fabricado por aqui. Atualmente temos a ALM Engines, que é uma fabricante nacional de motores gasolina, nenhuma mais, infelizmente!

A história das fábricas de motores Glow no Brasil está restrita à muito poucos colecionadores no Brasil. O desinteresse do aeromodelista comum se deve muito à dificuldade de acesso a estas informações e eu, mesmo tendo mais de 40 anos no hobby e acesso à vários grupos, preciso garimpar muitos dados para proporcionar o mínimo de informações e até buscar exemplares para o acervo. O aermodelismo no Brasil é o retrato dos seus praticantes, extremamente segmentado e restrito, um retrato principalmente do que não conseguimos multiplicar junto aos novos entrantes durante décadas, então, a visão da Hangar Vintage é divulgar e exibir o legado dos empreendedores, para que todos possam conhecer e apreciar a bela hitória dos nossos antigos exemplares!

Motores WB

Os primeiros motores feitos no Brasil foram os WB Diesel,  fabricados em Apucarana no Paraná na década de 50, eles estão entre os motores que mais resistiram ao tempo. Eram uma cópia dos Taifun Bison - Alemão. 

O período de duração da fábrica WB contemplou a mudança de tecnologia de Diesel para Glow nos anos 50, portanto foi a única fábrica brasileira que fabricou motores Diesel e Glow. Sua linha de motores chegou à oito exemplares comerciais:

WB 1cc (.0,60) Diesel
WB 1,5cc (.099) Diesel 
WB 2.5cc (.15) Diesel (1956)
WB 2.5cc S (.15) Diesel
WB 250 (2.5cc - .15) Diesel
WB .29 Glow
WB .29 Glow (“Barrigudinho", cópia do Dooling 29)
WB .35 Glow

WB 1.5cc Diesel 

WB 2.5 Diesel

WB 2.5 S Diesel

WB 2.5cc Diesel S e 2.5cc Diesel 

WB 250 (2.5cc -.15) Diesel Rolamentado

WB .29 II Glow "Barrigudinho"

WB .29 Glow

WB .35 Glow com rolamento

Caixas (réplica e original e acessórios WB

Vimo / MPG - Brasil

Os Vimo 2.5cc Diesel foram fabricados pelo veterano Victor Garuti na década de 70 e segundo relatos, era um "bom motor". Pelo que me recordo de cometários de pista, eram cópia do MVVS 2.5 RLS Tcheco, para atender às competições de alta performance de VCC e de F1C que eram dominadas principalmente pelos Rossi Italianos.

Pelo projeto, eu arriscaria dizer que estava entre os melhores da época, embora eu não tenha ainda relatos quanto aos materiais que foram utilizados, Os melhores motores à Diesel modernos seguem este design, com saída traseira, portanto pode-se dizer que seu projeto envelheceu bem. 

O modelo da foto foi comprado pela Hangar Vintage em 2023, mas foi "subtraído" por algum "colecionador" que não se conteve em adicioná-lo à sua coleção.

Salvei as imagens ainda antes de ter tido a oportunidade de limpá-lo. Não existem mais imagens ou informações na internet deste raro motor.

Vimo 2,5 cc Diesel

Motores ATF

Os motores ATF 20 fabricados pelo Toninho, eram inspirados no Enya 19 e foram bons motores para a época.

JC Motores Brasil

Em construção. Se você conhece a hitória dessa marca, entre em contato com a gente e ajude a resgatar o seu passado. Motor JC .25

Motores TM - Brasil

Thomas com os motores TM. Sua linha de motores foi:

TM 46 Glow VCC
TM 46 Glow RC

Motores HR

A HR testou durante algum tempo sem sucesso um motor 25, tinham o mesmo defeito dos motores maiores que quebravam o virabrequim.

Em sua série comercial emplacou com dois motores:

HR 35 Glow VCC
HR 60 Glow RC

Note nas recomendações do anúnicio para atenção ao objetivo do uso para acrobacia ou combate, pois tinham diferenças nos materiais em um mesmo modelo. Não foi uma boa estratégia comercial, daí a fama  negativa, injustificável, de quebrar até em vôo. 

Motor Mobral

A Mobral teve uma série fabricada pela Micromecanica CB. Sua linha de motores se limitou ao motor Mobral 40 e 60 Glow VCC.

Motores AB - Aerobrás

A Casa Aerobrás foi a mais emblemática loja de aeromodelismo do Brasil e chegou a ter seu próprio motor que foi o AB20.

Fabricado pelo Thomas da TM, a série financiada pela Casa Aerobrás, buscava suprir uma demanda que, nesta época, não era atendida por nenhum motor Brasileiro neste porte e o modelismo de U-Control estava demandando motores desta faixa. A linha se limitou ao motor AB 20 Glow.

Sassi Modelismo - Brasil

A Sassi Motores, fundada por Wellington Sassi e seus irmãos e atuou entre 1976 e 1991. A história começou em Curitiba com a compra dos maquinários da antiga fabira dos WBs. Diante de problemas na importação de motores, o pai de Wellington, Onofre Sassi, decidiu fabricar as peças necessárias. A falta de matéria-prima levou à pesquisa sobre motores, culminando na produção do Sassi .15 "Torneirinha" em 1978. Já no inicio da década de 80, lançaram o SassiI, que foi uma cópia dos Enya 15, que embora não tivesse os mesmos materiais, se destacou pela inovação e qualidade ao alcance do público nacional. Com o tempo, a fábrica evoluiu, incorporando tecnologia de injeção de alumínio e desenvolvendo motores que se tornaram a melhor alternativa brasileira aos concorrentes estrangeiros alcançando grandes volumes não em lojas especializadas mas também em lojas de rede.

Em 1982, a mudança para Presidente Prudente permitiu a expansão e novas inovações, como motores R/C e carburadores avançados.  A produção cresceu, e a Sassi Motores se tornou uma referência no setor, exportando seus produtos para países como Argentina e Portugal.

No entanto, a instabilidade econômica dos anos 90, incluindo o governo Collor e a abertura do mercado, levou ao fechamento da fábrica.

Wellington Sassi, filho do fundador, expressa sua gratidão ao pai e ao apoio recebido ao longo do caminho, compartilhando na comunidade de modelistas, sua paixão pelo aeromodelismo e o impacto que a Sassi Motores teve no esporte no Brasil, com cerca de 50.000 motores fabricados.

Esse foi o primeiro motor feito pela Sassi em 1978, conhecido como Sassi 15 "Torneirinha".

Estima-se que a Fábrica da Sassi tenha feito por volta de 50.000 motores em toda sua história.

Esse foi o segundo motor feito, o Sassi15 I, baseado no Japonês Enya 15.

Esse foi o terceiro motor feito pela Sassi, o Sassi 15 II

Ele foi um aperfeiçoamento do Sassi I e era Baseado no Enya 15II e no Fuji 15.

Sassi 15-II RC

Dicas HV para melhorar o funcionamento do motor Sassi 15, que frequentemente apresenta dificuldades para dar partida

A principal orientação é evitar afogar o motor durante a tentativa de ligá-lo. A segunda recomendação é que se uma vela OS 3 ou Enya 3, pois seu desempenho será visivelmente superior.

Sugiro abastecer o tanque, desconectar o tubo de alimentação e reconectar somente após encher, cobrindo o Venturi com o dedo para controlar a entrada de combustível com somente três golpes na hélice. Recomendo também o uso de combustível com óleo de mamona na proporção 3:1 e hélices de passo baixo, como 8x5 ou 8x4, pois hélices maiores dificultam a rotação. Além disso, destaco a importância de verificar o aperto correto dos parafusos do motor.

Apesar das dificuldades, quando se aprende a operar, o Sassi 15 é um ótimo motor e merece reconhecimento por ser o motor nacional mais produzido!

Sassi 35 VCC, lançado em 1982

Sassi 35SE RC. Carburador Sassi RC.

Sassi 25 VCC, foi uma réplica do OS MAX 25 FP

Motores JJR -Brasil

A Fabrica JJR foi a precursora da Micromecânica CB. Os motores JJR 50 RC e JJR 61 RC são tão bons que até hoje se encontram em atividade.

JJR 50 Glow

JJR 61 Glow

Micromecânica CB

Os motores CB foram excelentes motores, com baixo custo e resistiram à concorrência porque eram vendidos diretamente pela fábrica.

A chamada das propagandas era direta ao ponto: "Os motores CB têm jogo de camisa e pistão "true ABC" revestidos de cromo e não de níquel como nos importados mais famosos."

São motores admirados internacionalmente, pelo desempenho e pela qualidade de seu conjunto de camisa e pistão, sendo garimpados até hoje pelos veteranos!

CB 25 Glow VCC

CB 25 Glow RC

CB 45 Glow RC

CB 46 Glow VCC
CB 46 Glow RC

CB 71 Glow RC

CB 90 Glow RC

Motores CB 25 VCC e RC

Motor CB 45 RC

Motor CB 46 RC

Motor CB 71 RC

Motor CB 90 RC

Espero que você tenha gostado deste Guia Inédito de referência dos motores nacionais Diesel e Glow. Este é um projeto que estará aberto para constante atualização. 

Em breve espero proporcionar um espaço para exposição das peças fotografadas, bem como poder ampliar e melhorar a qualidade deste trabalho para que alcance mais aeromodelistas e entusiastas.

Contudo, já me sinto realmente feliz de poder realizar e compartilhar meu trabalho de décadas com os amigos hobbistas.

Ótimos voos!

Frederico M. Diniz